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Cuidados ao abrir uma empresa com amigos

26/05/2025

Guilherme Chambarelli

Abrir uma empresa com amigos é o desejo de muitos empreendedores. Afinal, compartilhar o sonho de um negócio próprio com pessoas de confiança parece o cenário perfeito. No entanto, a experiência e a prática jurídica mostram que sociedades formadas entre amigos podem enfrentar desafios específicos que, se não forem bem gerenciados, podem levar a desgastes emocionais, financeiros e até mesmo ao fim do negócio.

Neste artigo, explicaremos os cuidados essenciais para abrir uma empresa com amigos, destacando a importância de um planejamento jurídico adequado, a elaboração de acordos societários sólidos e a definição clara de papéis e responsabilidades.

O risco de misturar amizade e negócios

Por mais sólida que seja uma amizade, ela não substitui a necessidade de uma estrutura jurídica clara e bem definida. Muitas empresas quebram porque os sócios confundem relações pessoais com relações profissionais. Sem regras bem estabelecidas, surgem divergências sobre gestão, finanças, distribuição de lucros e até mesmo sobre quem tem autoridade para tomar decisões.

Além disso, conflitos empresariais podem extrapolar o ambiente de trabalho e afetar amizades e relações familiares. Para evitar que o que começou como um projeto promissor termine em desgosto e prejuízo, é fundamental investir tempo e atenção em pontos-chave da estruturação da empresa.

1. Acordo de Sócios: a base da sociedade

O Acordo de Sócios é o instrumento jurídico que define regras claras para o funcionamento da sociedade. Ele deve estabelecer, entre outros pontos:

  • Critérios para a entrada e saída de sócios, com regras para venda e transferência de quotas;

  • Direitos e deveres de cada sócio, inclusive quanto à administração do negócio;

  • Política de distribuição de lucros, com percentuais e periodicidade;

  • Procedimentos para convocação e deliberação de reuniões societárias;

  • Mecanismos para a resolução de conflitos, como mediação ou arbitragem.

Sem um acordo de sócios bem elaborado, a empresa fica vulnerável a disputas e insegurança jurídica.

2. Governança corporativa: clareza nas decisões

A governança corporativa é o conjunto de práticas e regras que orientam a gestão da empresa, a tomada de decisões e a relação entre sócios e stakeholders. Mesmo em empresas de pequeno e médio porte, uma governança bem estruturada é essencial para garantir:

  • Transparência na administração;

  • Clareza sobre papéis e responsabilidades de cada sócio;

  • Definição de quem tem autoridade para contratar, assinar documentos e representar a empresa;

  • Critérios objetivos para a tomada de decisões estratégicas.

Negócios sem governança tendem a enfrentar dificuldades para se desenvolver, especialmente quando surgem conflitos ou mudanças no quadro societário.

3. Cláusula de Sucessão: pensando no futuro

A cláusula de sucessão no contrato social ou no acordo de sócios determina o que acontece com as quotas de um sócio em caso de falecimento, incapacidade ou afastamento. É um dispositivo crucial para evitar disputas entre familiares, sucessores e os demais sócios, garantindo a continuidade do negócio e a proteção patrimonial da empresa.

4. Distribuição de lucros: prevenindo conflitos financeiros

A falta de regras claras sobre a distribuição de lucros é um dos principais motivos de desentendimentos entre sócios. É essencial definir de forma objetiva:

  • Percentual dos lucros destinados a cada sócio, com base na participação societária ou em critérios acordados;

  • Periodicidade da distribuição (mensal, trimestral, anual);

  • Possibilidade de retenção de lucros para reinvestimento na empresa.

Quando essas regras não estão documentadas, decisões podem ser tomadas de forma emocional ou unilateral, gerando desconfortos e insegurança.

5. Definição clara de papéis e tarefas

A afinidade pessoal não substitui a necessidade de definir quem faz o quê dentro da empresa. Cada sócio deve ter atribuições claras, com responsabilidades e métricas de desempenho definidas. Isso evita sobrecarga, omissão e mal-entendidos sobre as funções de cada um no dia a dia do negócio.

6. Mecanismos para resolução de conflitos

Nenhuma sociedade está imune a desentendimentos. Por isso, o contrato social e o acordo de sócios devem prever mecanismos eficazes de resolução de conflitos, como:

  • Cláusulas de mediação e arbitragem para evitar disputas judiciais;

  • Regras para afastamento temporário ou definitivo de sócios em caso de impasse;

  • Definição de procedimentos para avaliação e compra de quotas.

Essas medidas não apenas protegem o negócio, mas também preservam a amizade entre os sócios.

Conclusão: planejar é essencial

Abrir uma empresa com amigos é possível e pode ser extremamente bem-sucedido. No entanto, exige planejamento jurídico, regras claras e, principalmente, maturidade para separar amizade de negócios.

No Chambarelli Advogados, temos ampla experiência em estruturar sociedades empresariais com foco em governança, segurança jurídica e prevenção de conflitos. Se você está pensando em abrir um negócio com amigos, entre em contato com nosso time para garantir uma estrutura sólida e um futuro promissor para sua empresa.

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