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Checklist jurídico para abrir uma empresa com segurança no Brasil

04/06/2025

Alana de Castro Barbosa

Abrir uma empresa no Brasil exige mais do que preencher formulários e obter um CNPJ. É necessário planejamento jurídico, tributário e societário desde o início, para garantir segurança, evitar passivos futuros e construir um negócio sustentável.

A seguir, apresentamos um checklist jurídico completo para abrir uma empresa com segurança, elaborado com base nas dúvidas mais recorrentes de empreendedores e nas exigências legais aplicáveis à realidade brasileira.

1. Definir o tipo societário adequado

A escolha da natureza jurídica da empresa impacta diretamente a proteção patrimonial, a forma de tributação e a governança do negócio. As opções mais comuns são:

  • MEI (Microempreendedor Individual): indicado para atividades simples, com limite de faturamento anual e restrições específicas.

  • Sociedade Limitada (LTDA): ideal para empresas com dois ou mais sócios. Oferece responsabilidade limitada ao capital social.

  • Sociedade Limitada Unipessoal (SLU): alternativa jurídica para quem deseja empreender individualmente, com separação patrimonial.

  • Sociedade Anônima (S.A.): utilizada para negócios de maior porte, especialmente quando há intenção de captar investimentos.

A estrutura societária precisa estar alinhada ao modelo de negócios, à necessidade de sócios e ao planejamento tributário.

2. Elaborar contrato social ou estatuto com cláusulas estratégicas

O contrato social (ou estatuto, no caso de sociedades anônimas) deve ser redigido de forma técnica e personalizada. Esse documento define:

  • Objeto social (atividade empresarial);

  • Capital social e participação dos sócios;

  • Regras de administração;

  • Regras de entrada e saída de sócios;

  • Previsão de distribuição de lucros;

  • Soluções para casos de impasse entre os sócios.

Um contrato social mal redigido pode gerar insegurança jurídica e prejudicar o desenvolvimento do negócio.

3. Realizar planejamento tributário antes da abertura

A escolha do regime tributário correto evita prejuízos financeiros e autuações fiscais. As opções disponíveis são:

  • Simples Nacional: regime simplificado com alíquotas reduzidas, porém com limitações.

  • Lucro Presumido: tributação com base em margens fixas, recomendada para empresas com boa margem de lucro.

  • Lucro Real: obrigatório para empresas com faturamento elevado ou atividades específicas, exige maior controle contábil.

Um planejamento tributário adequado leva em consideração a atividade exercida, a margem de lucro, a estrutura societária e o potencial de crescimento da empresa.

4. Redigir acordo de sócios (ou acordo de quotistas)

Além do contrato social, o acordo de sócios é essencial para prevenir conflitos e garantir estabilidade nas decisões. Ele estabelece:

  • Direitos e deveres de cada sócio;

  • Quóruns de deliberação;

  • Política de saída e entrada de sócios;

  • Regras de sucessão e falecimento;

  • Cláusulas de não concorrência e confidencialidade.

A ausência desse instrumento é uma das principais causas de disputas societárias no Brasil.

5. Registrar a marca da empresa no INPI

Ter o CNPJ não garante a exclusividade sobre o nome da empresa. O registro da marca no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) é o único meio legal de proteger o nome e a identidade visual do negócio.

Empresas que não registram suas marcas correm o risco de serem impedidas de utilizá-las, mesmo após anos de atuação no mercado.

6. Definir corretamente o CNAE e o objeto social

O CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) determina o enquadramento fiscal e a necessidade de licenças e alvarás. Um erro na escolha do CNAE pode resultar em:

  • Tributação indevida;

  • Incompatibilidade com o regime tributário escolhido;

  • Dificuldades para emissão de notas fiscais;

  • Riscos de autuação por exercício irregular de atividade.

É recomendável realizar essa definição com apoio de um advogado empresarial e contador experiente.

7. Obter as licenças e autorizações necessárias

Após a constituição da empresa, é obrigatório cumprir com as exigências legais para funcionamento, que podem variar conforme a atividade:

  • Alvará de funcionamento (Prefeitura);

  • Inscrição estadual ou municipal;

  • Licença da vigilância sanitária;

  • Licença ambiental, se aplicável;

  • Registro em conselhos profissionais (CRM, OAB, CRO, CREA etc.).

A ausência dessas licenças pode resultar em multas, interdições e suspensão de atividades.

8. Estruturar a proteção patrimonial dos sócios

A proteção patrimonial do empreendedor depende não apenas da natureza jurídica escolhida, mas também de práticas como:

  • Formalização adequada das operações;

  • Definição clara do capital social;

  • Separação entre pessoa física e jurídica;

  • Previsão de cláusulas de limitação de responsabilidade;

  • Blindagem patrimonial preventiva em casos específicos.

Empresas mal estruturadas tendem a expor os bens pessoais dos sócios em caso de dívidas ou litígios.

9. Criar políticas de compliance e governança desde o início

Mesmo pequenas empresas podem (e devem) estabelecer regras internas de conduta, boas práticas e estrutura de governança. Isso inclui:

  • Política de compliance jurídico e fiscal;

  • Controle sobre contratos e documentos societários;

  • Registro contábil e fiscal organizado;

  • Acompanhamento jurídico preventivo.

A ausência de governança contribui para erros operacionais, perda de credibilidade e exposição jurídica.

Conclusão: Segurança jurídica começa antes da abertura

Abrir uma empresa sem assessoria jurídica é uma das principais causas de falência precoce no Brasil. O Chambarelli Advogados atua com foco em estruturação jurídica, planejamento tributário, proteção patrimonial e governança, acompanhando o empreendedor desde a ideia até a operação consolidada.

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